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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Exploração de gás na bacia do São Francisco não decola

A produção e comercialização do gás natural encontrado na bacia do rio São Francisco, no Norte de Minas, ainda está longe de se tornar realidade. Além do impasse em torno de o licenciamento ambiental para o método de exploração do combustível ficar a cargo do governo federal ou do estadual ainda não ter sido solucionado e de as altas taxas de risco exploratório afastarem investidores, alguns players com blocos na região estão reavaliando os aportes necessários e outros até mesmo já desistiram de investir no projeto, como é o caso da Petrobras.

Em nota, a estatal afirmou que não possui mais concessão exploratória na região porque abriu mão dos direitos diante dos resultados de pesquisas que mostraram inviabilidade econômica para a exploração e comercialização do gás. Com isso, pelo menos seis blocos estão "sem dono" e sem perspectiva de gerar produção do combustível.

"Atualmente, a Petrobras não possui nenhuma concessão exploratória na bacia do São Francisco. A companhia iniciou a exploração na região a partir de 2006, quando adquiriu seis blocos exploratórios na concessão denominada BT-SF-2. Entre 2006 e 2012, a companhia adquiriu dados sísmicos e realizou a perfuração de três poços. A Petrobras devolveu os blocos na bacia do São Francisco em 7 de outubro de 2013 devido aos resultados não terem se mostrado economicamente atrativos", afirmou a estatal no documento.

Indefinição 

A Shell, que chegou a ter seis blocos de direitos exploratórios, por sua vez, está em compasso de espera e reavaliando sua campanha exploratória na região, uma vez que o primeiro poço perfurado em sua área não mostrou indícios que justificassem o início da exploração.

"A Shell é operadora em um bloco de exploração na bacia do São Francisco, o SF-T-81 (Shell 60%, Vale 40%). A companhia concluiu em setembro de 2013 a perfuração do primeiro poço exploratório na região. Este poço não produziu resultados que justificassem, de imediato, o desenvolvimento do bloco. O consórcio está reavaliando o levantamento sísmico da área em função do resultado deste primeiro poço, a fim de decidir seus próximos passos", afirmou a empresa em nota.

A reportagem não conseguiu retorno do consórcio Cebasf, que já confirmou a existência de gás em suas reservas na região, mas o vice-presidente da Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda, operadora do consórcio, Ricardo Vinhas, confirmou anteriormente que a campanha exploratória estava travada devido ao impasse se a licença ambiental para o método que será usado para trazer o combustível à superfície (fraturamento) será de responsabilidade do governo estadual ou federal.

Além da Orteng, com participação de 30%, o Cebasf é formado pelo governo de Minas, que por meio da Companhia de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Codemig) detém 49% de fatia; a Delp Engenharia (11%) e a empresa capixaba Imetame (10%).

Embora não tenha se posicionado para a reportagem, a Petra Energia S/A também está longe de confirmar a viabilidade comercial do gás encontrado em seus blocos. Em fevereiro deste ano, o conselheiro da empresa, Wilson Nélio Brumer, afirmou, durante evento em Belo Horizonte, que a empresa já havia descoberto gás, porém, a viabilidade da exploração comercial do insumo ainda não tinha sido confirmada. "Dá para afirmar hoje que existe gás, mas ainda não dá para dizer que este gás é viável do ponto de vista econômico", disse na ocasião.

Segundo o conselheiro, o trabalho de confirmação da viabilidade comercial do gás encontrado na região deve demorar cerca de dois anos porque envolve o desenvolvimento de tecnologia, uma vez que não se trata de gás convencional.

Otimismo

O governo de Minas, em nota enviada pela assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), afirmou que "quanto às demais operadoras não há informações oficiais sobre a devolução de blocos que por ora não se apresentem atrativos".

No comunicado, o Executivo reforçou, no entanto, que se mantém "otimista" em relação à produção e exploração do gás natural encontrado no subsolo da bacia do rio São Francisco. Já foram perfurados 34 poços na região, com indícios de gás natural em 28 deles.

"No entanto, para delimitação das reservas e conhecimento mais profundo da bacia deverão ser perfurados mais poços além da realização de mais estudos geológicos", destacou o Executivo, no documento, admitindo ainda que o ritmo das perfurações foi reduzido em 2014 e que nenhum anúncio sobre a viabilidade comercial pelas operadoras foi feito até o momento.

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