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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ecossistemas fora dos hostpots de biodiversidade

José Ponciano Neto*

Nessas viagens a serviço do monitoramento dos recursos hídricos, e também do meio ambiente, sempre me deparo com alguma anormalidade na natureza – que é conseqüência disso ou daquilo.

Dia deste, fui a Espinosa. Na volta, tive de passar por uma estrada de terra de Mato Verde à Jaiba. Com o calor senegalês, eu e o carro sentimos a falta d’água nos radiadores. Parei em um “buteco” à beira da estrada para pedir água. Quando o dono da bodega trouxe a água, de repente ele saiu correndo para pegar uma cartucheira. Assustado, perguntei-lhe o motivo, no que me respondeu: – É para matar aquela siriema.

Segundo ele, as seriemas estão comendo os ovos das galinhas e também os pintinhos. Não o deixei matar a pobre “siriema” e fui explicá-lo o porquê dos ataques ao galinheiro.

O desmatamento descontrolado, associado aos defensivos agrícolas, são responsáveis pela falta do alimento da Seriema – ela se alimenta (como todos sabem) de lagartixas, ratos, gafanhotos, e outros animais, inclusive cobras. Na falta de alimento, a seriema vai aonde tem comida fácil. Ele diz que “entendeu. Fui embora, mas ficou-me a certeza de que a tal “siriema” não está mais viva.

Diante do exposto, me veio uma pergunta: - “Por que os ecossistemas do bioma caatinga estão fora dos Hostspots de biodiversidade publicados no livro Hotspots Revisited?”

Quem me conhece sabe que não tenho a “expertise” dos biólogos, cientistas e pesquisadores que atuam no estudo da biodiversidade. Mas, não considerar como um “hostsport” os ecossistemas da caatinga é uma grande injustiça.

A caatinga brasileira tem espécies endêmicas da flora e da fauna e as desconhecidas que estão sendo ameaçados de extinção. A caatinga é de uma relevância ecológica importantissima por possuir vegetação diferenciada do restante do mundo. Sua diversidade de ambientes principalmente sua fauna de invertebrados é responsável pelo o alimento dos répteis, anfíbios e os pequenos mamíferos - todos são alimentos da Seriema, além da polinização das plantas. Se os ecossistemas do cerrado e da mata atlântica são considerados hostpots de biodiversidade, não tem como não considerar os da Caatinga - em toda ela, do norte de Minas até o Ceará. Se fizerem um estudo das espécies ameaçadas, o resultado vai validar a minha preocupação com os ecossistemas da caatinga. Iremos à luta pela preservação da biodiversidade; salvar esses locais únicos e ameaçados. Será uma obrigação.

Espécies são muitas: só os felinos, são mais ou menos cinco: a onça parda – pintada – jaguatirica – gato do mato e a maracajá. Outras como: gambá – preá – sapo cururu - cutia – ararinha azul – asa branca - tatu peba e o mocó.

A vegetação dos ecossistemas do bioma caatinga inclui: mandacaru – xique-xique do sertão – cactos – juazeiro – aroeira e outras desconhecidas pelos pesquisadores.

Existem locais do semi-árido com visível diminuição da vegetação que, devido à criação extensiva do gado, já se encontram com características de deserto.

Os ecossistemas mais ameaçados do mundo estão no Bioma Caatinga. Com um grande número de espécies endêmicas, o grau de ameaças é enorme. Os especialistas têm que revisar e avaliar os hotspots e incluir os nossos ecossistemas, que são os únicos do mundo.

PS: Hotspot é uma área definida como prioritária para preservação ou conservação que está com sua biodiversidade ameaçada – principalmente as endêmicas -, e que tenha apenas 25% de vegetação original remanescente.

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